Bairro de Ribeirão Preto (SP) planeja implantar moeda própria
Ideia é inspirada em projetos similares em São Paulo e Fortaleza e quer ajudar a desenvolver o Ribeirão Verde
“Verdinho” tem a intenção de manter dinheiro circulando dentro do Ribeirão Verde e fomentar consumo local
Em breve, os moradores do Ribeirão Verde, na Zona Leste de Ribeirão Preto, ganharão uma moeda própria. O “Verdinho”, como foi batizado, é uma moeda social com o intuito de fomentar a economia do bairro. O projeto é inspirado em projetos semelhantes já implantados em Fortaleza, São Paulo e São Carlos.
A ideia é do presidente da Associação de Moradores, Luís Antônio França, que comenta que tem a intenção de implantar o projeto desde 2010. Ele acredita que a moeda social ajudará a manter o dinheiro dos moradores dentro da comunidade.
“Hoje temos cerca de 50 mil moradores, se cada um tiver renda mensal de R$ 1 mil, são R$ 50 milhões que entram aqui todos os meses. Mas entram e sai. Queremos discutir onde a comunidade está investindo isso. Se fosse gasto aqui, a nossa realidade seria outra”, comenta França, que defende que o projeto pode fortalecer o bairro.
Primeiro, a ideia tem de ser aprovada pelos moradores e comerciantes do bairro. Reuniões no fim de janeiro e em fevereiro já estão programadas para apresentar o tema aos moradores.
“Isso depende muito do empenho de todos. Se as pessoas conseguirem entender a proposta, será um grande ganho”, comenta o presidente da associação.
“Moeda sociais ajudam no desenvolvimento local”
O economista Daniel Belissimo, que é especialista em economia solidária, acredita que as moedas sociais alavancam o desenvolvimento de uma comunidade. “No caso de um território, como do Ribeirão Verde, podem fazer com que as pessoas passem a olhar com maior carinho para o comércio local, direcionando seu consumo de forma a valorizar a produção e as trocas na comunidade”, explica.
Isso porque, de acordo com ele, os recursos financeiros passam a circular dentro da comunidade, ajudando no fortalecimento do comércio local. Porém, ele alerta que, para funcionar, a moeda tem de ser bem aceita por todos, para incentivar o uso dela.
O economista explica que a moeda social geralmente é lastreada pelo Real e, para isso, é preciso se criar um fundo ou um banco comunitário com recursos captados a partir de festas, rifas, e outras eventos, por exemplo, daí vem o dinheiro para dar valor a moeda e pagar os fornecedores externos.
“Tudo isso é definido na comunidade, de forma democrática. Ou, pelo menos, deveria ser, para poder seguir os princípios da economia solidária. Quanto vão ser o juros, quais as regras pra inadimplência, qual é o limite que cada pessoa pode pegar do verdinho, etc. Eles podem se inspirar em outros bancos comunitários”, destaca.
“No fundo, é um grande movimento pra inspirar o consumo consciente e local, e o empreendedorismo no bairro. Porque aí as pessoas começam a empreender mais, vendo o dinheiro circular ali”, conclui o economista.
Foto: Arquivo Pessoal / Por Leonardo Santos
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